Sunday, December 15, 2013

ADEUS, 27


 [Foto da Jo]

Este ano que passou, o ano em que tive 27 anos, foi um ano difícil.

Este foi o ano em que...
- de toda a minha vida, mais tempo passei sozinha, e de fato-de-treino;
- tive todos os sintomas e todas as dores de parto que vêm descritas na literatura, apesar de achar que era imune;
- aprendi a dizer "não" e sacrificar muitas coisas que queria fazer para me concentrar em apenas uma;
- vivi e sofri as consequências de dizer "não";
- mais duvidei de mim mesma, do meu trabalho, do meu rendimento, da minha capacidade para ser e fazer;
- fiz menos actividades ao ar livre e fiquei mais vezes doente;
- andei menos na rua;
- tive menos vontade de tirar fotografias e de escrever e de fazer coisas que, geralmente tenho vontade de fazer;
- apanhei alguns de baldes de água fria.

Foi um ano cheio de dúvidas, com demasiado tempo passado dentro da minha cabeça. Mas, aprendi, quando passas demasiado tempo dentro da tua cabeça, divides-te em dois: em ti, e na tua consciência. Aprendes a fazer as coisas para agradar à tua consciência e não àqueles que (não) te rodeiam. Quando falhas, é à tua consciência que desiludes.

E, depois das horas em conversa contigo mesma, também há um balanço positivo por fazer:

- aprendi, por experiência e vivência, tudo sobre o auto-controlo;
- quando aprendes a dizer que não, o processo ensina-te a pôr em perspectiva as tuas prioridades, as tuas decisões, e o valor pessoal que colocas nelas;
- só consegues ultrapassar as consequências de dizer que não quando tens a certeza de que consegues convencer a tua consciência de que tomaste a opção certa;
- este foi o ano em que me deixei convencer que aquilo que eu quero para a minha vida é mais do que aquilo que eu achava que estava disposta a "settle in for";
- recebi muitos votos de confiança, piscadelas de olho, e grandes mostras de amizade dos meus melhores amigos, mas também de algumas pessoas que não esperava;
- fiz novos amigos, mesmo tendo passado tanto tempo sozinha;
- apesar de todos os tropeções da jornada, e de tantas dores de parto, a criança deu-me gozo parir. A analogia acaba aqui, porque senão teria de dizer que o irmão mais novo é que era o mais perfeito, mas vai ser. E aí, sim. Vai-me saber à conquista que ainda não soube;
- adoro os meus amigos. Adoro mesmo. Foram deles que vieram os melhores sorrisos, as conversas mais profundas, a confiança e a maior compreensão, e os abraços nos momentos em que mais precisei;
- o pouco tempo que passei ao ar livre teve mais valor do que montanhas de horas de outras alturas;
- acabei a minha primeira camisola tricotada. Acabei o xaile da minha irmã e algumas prendas de Natal vão estar prontas a tempo;
- corri, pela primeira vez, 6 km seguidos. Este ano vou correr 10.


[Foto do Zvo]

Entro nos 28 sem certezas e com muitas pontas soltas, o que é um bocado assustador. Não sei onde vou estar a morar daqui a um ano, nem a fazer o quê, nem com quem. Olho para a frente, e ao fim de um ou dois meses, só vejo pontos de interrogação. Mas entro sentido-me mais completa, mais segura, como se me tivesse alimentado de todas as dúvidas e inseguranças para crescer, e me consolidar. E acho que sei o que quero, e tenho a certeza de quem quero. O resto, conquistar-se-á.

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Há uns tempos, a Catarina disse assim:
Acho importante a introspectiva, ter a capacidade de perceber em si mesmo a transformação que acontece ou que precisa acontecer.

E acho que esse foi o exercício mais importante destes 27.

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