Saturday, January 2, 2016

UM BOLO RAINHA PARA UM NATAL DIFERENTE


2015 foi um ano com muitas mudanças e muitas novidades. Uma delas foi termos decidido ficar por aqui no Natal, em vez de irmos a casa passá-lo com as nossas famílias e com o busílis do costume.

Se, por um lado, sentimos a falta de toda a confusão, de rever a nossa família e os nossos amigos e de sentir o aconchego inexplicável que nos traz fazer aquilo que fazemos todos os anos, também foi bom criarmos um Natal nosso e aceitarmos com naturalidade todos sentimentos que vêm ao de cima nesta época - as saudades, a alegria, a paz, a ausência de stress, a tristeza da distância, as conversas por skype e pelo telefone com a família, o saborear lentamente uma refeição escolhida e cozinhada por nós, sem interrupções e com tudo aquilo que gostamos. Uma mistura de vivências muito eclética, mas muito sentida.

Nos dois dias antes do Natal cozinhei muito e passei umas boas horas a fazer bolo rainha. Não havendo as nossas pastelarias preferidas do costume, recusei-me a gastar um tostão que fosse para comer um bolo rei seco, processado e cheio de fruta cristalizada barata e ressequida - além de que detesto a fruta cristalizada do bolo-rei - e abusivamente caro. Arregacei as mangas, procurei uma receita, adaptei-a ao meu gosto e fiz quatro bolos rainha para nós comermos e para oferecermos às pessoas que nos fizeram sentir em casa aqui nos últimos meses.

No dia de Natal, fomos buscar couves galegas ao quintal de uma dessas pessoas e andámos a distribuir os bolos rainha. Assim se criam novas tradições, aquilo que torna estas épocas especiais.


Bolo Rainha
Receita adaptada daqui e daqui

500 de farinha de trigo sem fermento
40g de fermento de padeiro fresco
150mL de leite morno
100g de manteiga derretida
150g de açúcar
2 ovos batidos
uma pitada de sal

50g de sultanas
50g de uva-passa
100g de amêndoa palitada
30g de pinhões
50g de nozes picadas grosseiramente
40mL de vinho do Porto
40mL de rum (na receita original pede brandy, mas eu usei o que tinha à mão - também deve funcionar bem com aguardente, kirsch, cachaça, ou outras bebidas espirituosas do género)

Para decorar:
1 ovo batido
metades de noz
amêndoas inteiras
pinhões
açúcar em pó

Nota: Tradicionalmente, faz-se o bolo directamente numa bancada. Coloca-se a farinha, faz-se um buraco no meio como se fosse um vulcão e colocam-se os ingredientes húmidos no meio, misturando-se a farinha gradualmente. No entanto, eu dispenso o caos e a bodega que isso traz para a bancada, e acho que é perfeitamente possível fazer-se a mesma coisa usando uma tigela/bacia grande.

Aquece-se o leite até que fique morno e ao mesmo tempo derrete-se a manteiga. Enquanto a manteiga arrefece um pouco, coloca-se o leite morno numa tigela com o fermento de padeiro e mexe-se com um garfo até que o fermento de padeiro dissolva.

Numa tigela ou bacia grande coloca-se a farinha. Faz-se um buraco largo no centro e colocam-se a mistura de leite com fermento de padeiro, a manteiga derretida e ligeiramente arrefecida, os ovos previamente batidos, uma pitada de sal e o açúcar.

Usando um garfo, envolve-se gradualmente a farinha com a mistura que está no centro até que fique uma massa peganhenta, mas relativamente homogénea. Enfarinhar um pouco as mãos, amassar um pouco a massa até que esteja tudo bem ligado. Neste momento, a massa já deve estar menos peganhenta e deve ser possível fazer uma bola.

Deixa-se a massa na tigela, coberta com um pano, para levedar durante cerca de 2 horas num local morno e afastado de correntes de ar.

Entretanto, misturam-se os frutos secos com o rum e o vinho do Porto. Ao fim do tempo de levedura da massa, incorporar a mistura de frutos secos, amassando tudo muito bem para envolver os frutos de forma homogénea. Deixar a massa repousar novamente na tigela coberta com o pano durante mais 1 hora.

Ao fim deste tempo, forrar um tabuleiro de ir ao forno com papel vegetal. Colocar a massa em cima do papel vegetal em forma de argola. Ligar o forno a 180ºC e deixar aquecer bem durante 10 minutos, aproveitando para deixar a massa descansar mais um pouco. 

Pincelar a massa com ovo batido, decorar com os frutos secos a gosto. Levar ao forno durante 45 minutos, até que o bolo fique bem dourado. Ao retirar o bolo do forno, polvilhar com açúcar em pó usando um coador.

Embrulhar em papel e oferecer com muito carinho... ou não. O bolo rainha aguenta-se durante 2 ou 3 dias num recipiente fechado e quando estiver a ficar seco pode-se fatiar e comer torrado com manteiga a pingar. Também se pode congelar e depois colocar directamente na torradeira quando se quiser comer. Já mencionei a manteiga a pingar?

3 comments:

ana said...

aaaaah... bolo rei/rainha torrado e com manteiga a pingar... não há melhor! :D

isaURin@ said...

E eu q fui a Portugal, regalei-me com o teu bolo rainha made in Switzerland😚

isaURin@ said...

E eu q fui a Portugal, regalei-me com o teu bolo rainha made in Switzerland😚