2015 foi um ano com muitas mudanças e muitas novidades. Uma delas foi termos decidido ficar por aqui no Natal, em vez de irmos a casa passá-lo com as nossas famílias e com o busílis do costume.
Se, por um lado, sentimos a falta de toda a confusão, de rever a nossa família e os nossos amigos e de sentir o aconchego inexplicável que nos traz fazer aquilo que fazemos todos os anos, também foi bom criarmos um Natal nosso e aceitarmos com naturalidade todos sentimentos que vêm ao de cima nesta época - as saudades, a alegria, a paz, a ausência de stress, a tristeza da distância, as conversas por skype e pelo telefone com a família, o saborear lentamente uma refeição escolhida e cozinhada por nós, sem interrupções e com tudo aquilo que gostamos. Uma mistura de vivências muito eclética, mas muito sentida.
Nos dois dias antes do Natal cozinhei muito e passei umas boas horas a fazer bolo rainha. Não havendo as nossas pastelarias preferidas do costume, recusei-me a gastar um tostão que fosse para comer um bolo rei seco, processado e cheio de fruta cristalizada barata e ressequida - além de que detesto a fruta cristalizada do bolo-rei - e abusivamente caro. Arregacei as mangas, procurei uma receita, adaptei-a ao meu gosto e fiz quatro bolos rainha para nós comermos e para oferecermos às pessoas que nos fizeram sentir em casa aqui nos últimos meses.
No dia de Natal, fomos buscar couves galegas ao quintal de uma dessas pessoas e andámos a distribuir os bolos rainha. Assim se criam novas tradições, aquilo que torna estas épocas especiais.
Bolo Rainha
500 de farinha de trigo sem fermento
40g de fermento de padeiro fresco
150mL de leite morno
100g de manteiga derretida
150g de açúcar
2 ovos batidos
uma pitada de sal
50g de sultanas
50g de uva-passa
100g de amêndoa palitada
30g de pinhões
50g de nozes picadas grosseiramente
40mL de vinho do Porto
40mL de rum (na receita original pede brandy, mas eu usei o que tinha à mão - também deve funcionar bem com aguardente, kirsch, cachaça, ou outras bebidas espirituosas do género)
Para decorar:
1 ovo batido
metades de noz
amêndoas inteiras
pinhões
açúcar em pó
Nota: Tradicionalmente, faz-se o bolo directamente numa bancada. Coloca-se a farinha, faz-se um buraco no meio como se fosse um vulcão e colocam-se os ingredientes húmidos no meio, misturando-se a farinha gradualmente. No entanto, eu dispenso o caos e a bodega que isso traz para a bancada, e acho que é perfeitamente possível fazer-se a mesma coisa usando uma tigela/bacia grande.
Aquece-se o leite até que fique morno e ao mesmo tempo derrete-se a manteiga. Enquanto a manteiga arrefece um pouco, coloca-se o leite morno numa tigela com o fermento de padeiro e mexe-se com um garfo até que o fermento de padeiro dissolva.
Numa tigela ou bacia grande coloca-se a farinha. Faz-se um buraco largo no centro e colocam-se a mistura de leite com fermento de padeiro, a manteiga derretida e ligeiramente arrefecida, os ovos previamente batidos, uma pitada de sal e o açúcar.
Usando um garfo, envolve-se gradualmente a farinha com a mistura que está no centro até que fique uma massa peganhenta, mas relativamente homogénea. Enfarinhar um pouco as mãos, amassar um pouco a massa até que esteja tudo bem ligado. Neste momento, a massa já deve estar menos peganhenta e deve ser possível fazer uma bola.
Deixa-se a massa na tigela, coberta com um pano, para levedar durante cerca de 2 horas num local morno e afastado de correntes de ar.
Entretanto, misturam-se os frutos secos com o rum e o vinho do Porto. Ao fim do tempo de levedura da massa, incorporar a mistura de frutos secos, amassando tudo muito bem para envolver os frutos de forma homogénea. Deixar a massa repousar novamente na tigela coberta com o pano durante mais 1 hora.
Ao fim deste tempo, forrar um tabuleiro de ir ao forno com papel vegetal. Colocar a massa em cima do papel vegetal em forma de argola. Ligar o forno a 180ºC e deixar aquecer bem durante 10 minutos, aproveitando para deixar a massa descansar mais um pouco.
Pincelar a massa com ovo batido, decorar com os frutos secos a gosto. Levar ao forno durante 45 minutos, até que o bolo fique bem dourado. Ao retirar o bolo do forno, polvilhar com açúcar em pó usando um coador.
Embrulhar em papel e oferecer com muito carinho... ou não. O bolo rainha aguenta-se durante 2 ou 3 dias num recipiente fechado e quando estiver a ficar seco pode-se fatiar e comer torrado com manteiga a pingar. Também se pode congelar e depois colocar directamente na torradeira quando se quiser comer. Já mencionei a manteiga a pingar?
3 comments:
aaaaah... bolo rei/rainha torrado e com manteiga a pingar... não há melhor! :D
E eu q fui a Portugal, regalei-me com o teu bolo rainha made in Switzerland😚
E eu q fui a Portugal, regalei-me com o teu bolo rainha made in Switzerland😚
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